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janeiro 27, 2004

O beijo 



Mas porque raio é que o beijo de língua tem de ser italiano?!
Não me recordo de alguma vez ter beijado uma italiana...
Bom... não sei se este pensamento deva ser partilhado em público, mas, que se lixe, também ninguém vai ler isto!
Pensando bem, até que o tema dá pano para mangas!
Afinal, o que é que as pessoas sentem quando vêm outras duas a beijarem-se, na tv, no cinema, no banco de jardim?
E que sensações provoca ver a boca "daquela" actriz entreabrir-se para receber os fluídos do parceiro - ok, também pode ser ao contrário(!)... quantas vezes já nos deu vontade de estar no lugar daquele canastrão, que até tem de pôr o spray na boca por causa do bafo?
Parece que me estou a desviar do essencial!
É verdade que um beijo dado comme il fault pode desencadear uma reacção em cadeia de consequências imprevisíveis!
O que não me soa bem é dizer-se que o beijo pode ser o sal e pimenta da coisa!
(....)
Estava a ver se me lembrava de alguns beijos significantes... olha aquele da Britney com a outra... naaaaoo, não tem nada a ver, aquilo foi tudo ensaiado...(ou não?!).
Mas que raio, não sou capaz de me lembrar da última troca de fluídos que justificasse o bilhete de cinema!
Ou melhor! Estou, mas prefiro não revelar. Não é por nada em especial...
É por causa dum beijo que se pode acordar a pensar: como é que eu vim aqui parar?!
Afinal, isto pode ser mais perigoso do que se pensa!
Mas isso levava-me para outros lábios, e isso não é para aqui chamado!
Tudo tem um começo, não é verdade?!
Pode ser que amanhã esteja mais inspirado



Um beijo em lábios é que se demora
E tremem no abrir-se a dentes línguas
Tão penetrantes quanto línguas podem.
Mas beijo é mais. É boca aberta hiante
Para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
Irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
E sobretudo o que se oculta em sombras
E nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
Quanto de lábios se deseja.

Jorge de Sena – 19/5/1971. In Antologia Poética, 1999. Porto: ASA.

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